Já comentei algumas vezes e acho que está claro que
socialmente somos conduzidos a crer que ter, é ser mais feliz, o que é um
grande engodo. O ter pode preencher um vazio de alma em conflito, mas causa
danos à saúde e harmonia, como claramente comprova a filosofia de vida do
escritor e designer Graham Hill.
Deixo aqui o link de seu excelente texto completo, que vale muito a pena ser lido
na íntegra: http://www.treehugger.com/interior-design/graham-hill-describes-living-less-lot-less-new-york-times.html
Seu vídeo explica um pouco de seu projeto e fala sobre
várias coisas que já tratamos aqui, como compra consciente, por exemplo.
Graham fala sobre a mudança de um estilo de vida cheio de
posses e encargos para gerenciar os mesmos, para um definido pela liberdade e
leveza, onde a beleza e funcionalidade estão incluídos.
Vivemos em um mundo de excesso de coisas, onde hiperlojas de
24 horas oferecem dilúvios de oportunidades de compras, on-line inclusive. E não
há qualquer indicação de que qualquer uma dessas coisas faz alguém mais feliz,
na verdade parece que o inverso pode ser verdadeiro.
Às vezes, pode parecer quase impossível liberar-se da fanática
atração de todas as coisas novas que podemos ter ou comprar. Porém Graham descobriu
a partir de um relacionamento com a mulher que amava que o fez mudar de
perspectiva e perceber que as coisas que realmente importam e são essenciais em
sua vida, são as não materiais. Essencialmente falando, Amor e pessoas são o que valem uma vida.
Segundo seu texto:
“... num estudo publicado no ano passado intitulado "A
vida em casa, no Século XXI", pesquisadores da UCLA observaram 32 famílias
de classe média de Los Angeles e descobriram que todos os picos de estresse hormonal
das mães aumentam durante o tempo que têm de lidar com seus pertences. Setenta
e cinco por cento das famílias envolvidas no estudo não poderiam estacionar
seus carros em suas garagens, porque eles estavam muito congestionados com pertences
acumulados.
Nosso gosto por coisas, afeta quase todos os aspectos de
nossas vidas. O tamanho das casas, por exemplo, aumentou nos últimos 60 anos. O
tamanho médio de uma casa nova americana em 1950 era de 90 metros quadrados,
até 2011 a média de casa nova era 230 metros quadrados. E esses números não
fornecem um quadro completo. Em 1950, uma média de 3,37 pessoas vivia em cada
lar americano, em 2011, esse número diminuiu para 2,6 pessoas. Isto significa
que ocupamos três vezes mais a quantidade de espaço per capita do que fazíamos
há 60 anos. ...
... Muito do que os americanos consomem nem mesmo encontrar
o seu caminho em caixas ou espaços de armazenamento, mas acaba no lixo. Os relatórios
do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, por exemplo, aponta que 40 por
cento das compras em comida norte-americanos, vão para o lixo.”
Afinal de contas, o que estamos gerando neste mundo? Qual é
o vazio interno que nos contém a ponto de gastarmos tempo, dinheiro e energia
para depois direcioná-los ao lixo?
Existe um movimento, ainda que pequeno, em busca do Maior,
mais iluminado, uma nova atitude, um novo olhar social, que aumenta com o
tempo. Onde as pessoas descobrem que quando se livram das coisas materiais (e a
obsessão sobre estas coisas) que atravancam suas vidas, elas estão descobrindo
a liberdade de deixar suas vidas se expandir para preencher esse espaço com coisas
substanciais que não são matéria, e sim a Essência da Vida: amor, amizade,
alegria e diversão. Sobretudo, valores humanos.
Os deixo no espaço da fala de fechamento de Hill, para que
pensem e repensem sua atitude de consumo:
"O meu espaço é
pequeno. Minha vida é grande.”
E aqui o vídeo do projeto final de seu apartamento, super prático, leve e elegante: