junio 27, 2011

Consciência crítica


Resolvi fazer um momento sabático aqui no blog onde damos uma refreada para esclarecimentos e novos posicionamentos.
Pensei em como é que vocês aí deste lado da tela, entendem a minha postura e resolvi dar uma ajudinha. Já que para quem não me conhece, pode parecer estranho uma pessoa ter trabalhado durante tantos anos na indústria da Moda e agora vir aqui descascar a sapucaia. Poderia até parecer revolta, mas não é. Chama-se consciência.

Eu trabalhei durante mais de dez anos no setor da Moda, subindo degraus, rapidamente até, mas foi uma longa conquista. E desde o início soube e presenciei abusos. Pensei no início de carreira que isto acontecesse aos ditos inexperientes, mas não. Quanto mais se subiam degraus, maiores os abusos de todos os tipos e de formas cada vez mais, digamos sofisticados para manter os jargões do setor.

Já assistiu ao filme “O Diabo veste Prada”? Pois é, ele foi baseado em uma história real do alto escalão internacional do setor, então imagine você, o que se passa na boca miúda!
Quando assisti este filme tive falta de ar e saí tonta, pois me vi na tela!
A minha parada de emergência se deu quando fui proibida de ir tomar meu café na cozinha, onde conversava com a copeira D. Maria e me servia pessoalmente. Isto, ao meu ver, me fazia espairecer e tomar o café fresco, já que esta senhora de seus 60 e tantos anos, caminhava a fábrica inteira servindo café pessoa por pessoa duas vezes ao dia. Então se você, por ventura estivesse ausente, ao voltar seu café estaria frio. E não tive negociação, o recado enviado pelo Diretor foi: “seu cargo hierárquico não condiz com esta atitude.” Detalhe: o cargo dele era muito, digamos superior, para falar comigo diretamente!
Isto foi A gota d’água no imenso e caudaloso oceano de egos e vaidades ensandecidas. Naquele momento para mim, estava numa sinuca, onde ou eu me moldava ao padrão que não condizia com minha verdade, ou eu saía do jogo e continuava inteira.

Preferi continuar inteira, mesmo que um pouco quebrada.

Então chegamos aqui. Onde passados anos, desfeitos muitos paradigmas, resolvi colocar minha ação em voz, miudinha como eu talvez, mas como diz James William: “Aja como se o que você faz fizesse diferença, porque faz.” Pois acredito sim que podemos fazer a diferença, mas antes de tudo necessitamos consciência!
E como no mundo da moda o glamour recobre todas as ações da indústria com um glacê tão espesso e doce que todos se esquecem de onde vieram e para onde vão, e ficam literalmente alucinados, resolvi criar uma gota de antídoto, e aqui estamos.

Para finalizar, deixo um comentário de Herbert Steinberg sobre o pós-industrial que elucida muito este momento:
“Você e eu, que vivemos com um pé no período industrial e outro no pós-industrial, corporificamos uma fase de mudanças e conflitos. Ainda que condicionados pela conjuntura, cabe-nos uma atitude crítica. Já vimos as maravilhas e os horrores dos artefatos humanos e já sabemos que a natureza não é inesgotável. Estamos despertando para a busca da felicidade isenta do poder de compra. O ócio criativo, bandeira inaugurada por De Masi, pode realmente ser uma plataforma de mudança para melhor.”

Espero ter ajudado você a despertar um pouquinho mais.

Au revoir, até já.

2 comentarios:

  1. ADOREI!!! AMEI!!!!
    Sou nova aqui mas gostaria de registrar que estou gostando imensamente do conteúdo dos posts e das indicações. Estou com você amiga!!!!
    :)

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  2. Grata Anay! Comentários como o seu me estimulam a seguir... são super importantes. Grata.mente! ;) Quando puder, me envie seu email no meu: nannieblog@gmail.com
    Bjks, gracias amiga!

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